quinta-feira, agosto 24, 2006

Como nos repelem os nossos Serviços Públicos

Estou cheia de dores… ando com uma crise qualquer de coluna que me esta a atazanar o juízo de uma maneira rebelde. Mas agora, reflectindo bem e de pé, para ver se as dores não pioram, não sei se estou pior das dores ou pelo facto de, como elas não passam, ter de ir ao centro de saúde!

Da última vez que lá fui tive um episódio que me marcou profundamente… a Srª que lá estava, como boa funcionária pública de atendimento ao cliente, não quis minimizar a má fama da sua classe e fez jus da sua posição. Começou aos gritos comigo, com as sobrancelhas quase unidas de tão arreganhadas que estavam, porque eu não tinha um papel que, supostamente, eles deveriam ter enviado para minha casa, depois de alterarem o sistema. Primeiramente ignorei, e pedi para ser atendida (eu acho que eles ignoram o facto de nós irmos ás urgências, apenas porque se trata de uma emergência e estarmos aflitos e aproveitam qualquer momento para lavar roupa suja). E a senhora insistiu. A raiva começou a entrar e entranhar-se em mim e em poucos momentos fiquei possuída, na verdadeira acessão da palavra, naquele momento senti que precisava de algo bastante forte para exorcizar aquele sentimento tão mau e tão profundo que havia sido provocado em mim e mandei um grito à Srª e perguntei : “Mas se a culpa é vossa que não mandaram o papel, ACABA imediatamente com esse tom de crítica e com a conversa em estilo de raspanete e arranje maneira de me atenderem!” É claro que a minha mãe, muito pudica nestes assuntos, repetiu várias vezes que eu tinha muita febre para se justificar perante a audiência que apreciava o espectáculo…

Por isso imaginem a vontade que tenho de me sujeitar a cenas destas!

sábado, agosto 19, 2006

Nos sítios onde todos se conhecem...


Pequena história para relembrar que não é só Beja que é uma cidade estranha...


Todos sabemos que pertencemos aquele género de cidade que para os seus habitantes é uma cidade, mas que para os de fora é sempre mais pequena e desinteressante que a sua, e para os espanhóis ‘un pueblo’!

E neste tipo de cidade há um fenómeno, que, possivelmente, remontará aos seus tempos de vila, e que a distingue pela positiva. É esse o fenómeno Alcunha. E este fenómeno é bastante interessante e imprime sempre um toque “caseiro” à cidade que, normalmente, é fria e impessoal. Isso graças à massa humana que, apesar de muito próxima, tende a renunciar a uma alma grupal de união, entreajuda e crescimento mútuo. Mas como Beja há outras e, neste caso vou referir-me a Elvas (garantido que há já uma situação parecida aqui na nossa, não se vá sentir atrás, um bejense susceptível!).

Em Elvas há um Sr., o Chico, que casou com uma chinesa. A sua história de amor terá pouca relevância para o caso, e o que é certo é que de imediato ele passou a ser o Chico Chinês. Mas as gentes do Alentejo são conhecidas pela hospitalidade e, como tal, a Sr.ª foi muito bem recebida. Nunca ninguém se atreveu a tentar dar-lhe um nome depreciativo “olha a dos olhos em bico” ou “chinesa!”, isso não, nem pensar…! Que culpa tem a senhora de não ter nascido aqui! É no Alentejo que reside a sua paixão, por isso há que trata-la como deve de ser e para não ferir susceptibilidades é trata-la com respeito… a Sr.ª é a Esposa do Chico Chinês!

P.S. - Posso garantir que um fenómeno parecido se passa em Beja com o Sr. que alugou uma loja sua a um Chinês... deve ser o Zé Chinês (e por acaso o Sr. que a alugou é o único chinês da cidade que não é chinês, mas que lhe chamam chinês por se ter casado com uma chinesa!)

quinta-feira, agosto 03, 2006

O Frenesim Bejense

Tenho andado sem tempo para escrever, e a que se deve isso? Ao facto de andar a procurar casa e a tentar perceber se realmente tenho possibilidades de fazer um crédito bancário ou não. E nisto, observo que aqui o frenesim é diferente.

Esta é uma cidade calma mas não deixa de ter a sua agitação! Além do mais, pertence a um país atulhado em burocracia e, por esse motivo, os bancos daqui não podem ser muito diferentes dos de Lisboa, imprimindo logo um novo ritmo a qualquer tramite bancário… é papelada que falta, é papelada que está a mais, e telefonam porque falta assinar… bem, esse tipo de coisa. A pessoa envolvida num processo destes, mesmo em Beja, cidade pacífica, sente já uma certa agitação!

Depois lembraram-se de pôr parquímetros na cidade. Óptimo para aquele ser que se sentia entediado numa manhã em Beja. Agora já pode andar o tempo todo de um lado para o outro a tirar papelinhos das máquinas, porque só tinha moedas de 20 antes do pequeno almoço e agora já são 10.30 e já passou da hora… pode ainda olhar para o carro daquele vizinho estúpido que se está sempre a gabar de ter uma carrinha nova mas que afinal não paga o parquímetro em frente ao trabalho… (actividade privilegiada numa cidade que privilegia a cusquice de uma maneira geral).

E a agitação bancária, é diferente mas não deixa de estragar uma manhã inteira a uma pessoa. Aqui chegamos e não há muita gente e por isso ficamos a pensar que vai ser rápido, mas aqui, cidade pacata e de bons costumes, o atendimento é personalizado e cada momento é tratado com a cordialidade devida e a lentidão que lhe é inerente. Fala-se do tempo, descobre-se que sou filha da professora do irmão e que trabalho com uma amiga da prima, explica-se tudo muito em explicado, porque o trabalhinho tem que seguir para Lisboa com muito aprumo, não vão os da capital pensar que aqui não se trabalha! Tudo é mais agradável, realmente, mas não deixa de ser uma agitação porque o tempo real que se perde é o mesmo, apenas estáa ser usado abusando de calma e tranquilidade.

Mas tudo pode piorar numa manhã destas, caso se tenha que ir tirar uma fotocópia no centro da cidade. Já quase todos sabem que a opção da fotocópia central é uma má opção, todos conhecem a famosa antipatia da srª das cópias, ao lado da Halcon viagens (em Beja nada tem nome próximo e tudo é perto de alguma coisa). É uma senhora que só nos atende quando bem entende e que muitas vezes se deixa estar sentada sem nos atender, repetindo em pensamento ‘agora esperam!’, para demonstrar que naquele território, ela é quem manda e quem controla o tempo. Essa é uma atitude irritante desde que passamos aquele estágio de evolução de demarcar o território!

E aí as coisas atingem proporções de verdadeira cidade grande, podemos irritar-nos gratuitamente com uma patroa/funcionária absolutamente detestável que tem bastante dinheiro para fechar o negócio e viver dos rendimentos, mas não o faz porque deixaria de ter alguém a quem demonstrar poder dentro daquele reino criado.

Beja apresenta assim, o petisco completode uma manhã bem perdida a tratar de assuntos importantes, com direito a atritos de atendimento e irritações com o carro.

13a@beja